Asfaloth

Asfaloth, interpretado por Florian É claro, muita gente deve conhecer a cena: O “jovem” Frodo (Você sabia que Frodo tinha 50 anos de idade na Guerra do Anel? Tamanho não é documento…) sendo perseguido por nove Espectros do Anel a cavalo em um bosque, dependendo apenas da velocidade do cavalo em que está montado para sobreviver.

O cavalo era Asfaloth, cujo dono era Glorfindel (nos livros; Liv “Arwen” Tyler nos filmes), e o significado de seu nome é uma incógnita até hoje. Não no nível de “balrogs têm asa?”, mas chega perto. De uma forma ou de outra, coube a Bertrand Bellet uma nova tentativa de explicar esse nome na mensagem 1005 da lista Lambengolmor.

Bellet começa com uma pequena introdução das tentativas anteriores:

  1. TolkLang 25.67 com Helmut Pesch (22/07/1997): Mesma conclusão que chegaram os editores de An Introduction to Elvish em 1977 (como indicado por Carl Hostetter), com –loth “flor”, enquanto asfa– mantém-se inexplicado.
  2. Elfling 1004 com David Salo em resposta a Ryszard Derdzinski (22/06/1999): Sugere “com hesitação” o mesmo, e sugere asfa- < vSPAL “espuma” [Nota: Espuma do mar, da quebra das ondas].
  3. Elfling 32486 com Michael John Keegan (2/10/2005): Sugeriu-se que os nomes viriam das raízes vAS-AT “poeira”, vSPAN “branco” e vLOT(H) “flor”.
  4. Elfling 32489 com Thomas Ferencz, em resposta à mensagem anterior (3/10/2005): vPHALAS, vSPALAS “espuma”.
  5. Elfling 32509 com “Erna” notou a semelhança com o Goldogrin Asfalon (PE11:20; variante dialetal < Qenya Arvalin “próximo aos Valar” em I:285). Nenhuma novidade, já que Pesch também notou isto.

Bellet diz (e eu concordo) que nenhuma dessas explicações são satisfatórias e que, talvez, o caminho para descobrirmos o verdadeiro significado do nome começa na divisão do composto: em vez de asfa-loth, as-faloth!

A explicação é a seguinte: Nas Etimologias, o único exemplo disponível da evolução do -sp- medial “tende a apontar para sua preservação”, diz Bellet, mencionando o Noldorin osp (cognato do Q. usque). Já em The Treason of Isengard, p. 120, o nome da cidade que seria mais tarde nas revisões de Tolkien Fornost Erain, era Osforod, lit. “burgo do norte”. Os dois elementos de Osforod são ost + forod, o que indica que compostos st + f = sf. Dois dias após a mensagem de Bellet, Patrick Wynne traria também o nome Noldorin Isfin (< Istfin), o nome original da irmã de Turgon (antes de Tolkien revisá-lo e criar Aredhel).

Como ast “poeira” é atestado em V:349, resta saber sobre *faloth. Bellet nota que alguns substantivos do Sindarin (e Noldorin) trazem o sufixo -oth, como faroth *”caçador(es)” (Silm. 451, V: 387), nogoth “anão” (Silm. 456, XI:338, 388, 408, 413, notadas por Bellet; o leitor brasileiro pode conhecer também de SdA:320, onde o coletivo nogothrim faz parte de um encanto de Gandalf) e Lammoth “Grande Eco” (Silm. 426). Diz Bellet:

Ainda assim, a palavra *faloth estaria conectada a espuma, da qual várias características (brancura, rapidez, leveza) seriam apropriadas para serem utilizadas metaforicamente sobre o cavalo de Glorfindel.

Nessa hipótese, o significado de Asfaloth se aproximaria a algo como *”espuma de poeira”, com uma fonologia plausível.

Por fim, Bellet não descarta uma possível combinação de vPHAL/SPAL e vLOT(H) estarem combinadas, mas disse que *falloth seria esperado, a não ser que uma haplologia (não se preocupe, eu também tive de procurar no Google…) ocorra em um estágio bem primitivo: *spalalot(h)- > *spalot(h)-. Ele nota que não seria a única ocorrência de haplologia nas línguas de Tolkien, já que o Quenya tuilelindo “andorinha” virou tuilindo (V:395; e não, não sei se as andorinhas de Valinor eram capazes de carregar côcos com as patas), mas Bellet diz que isto é “muito especulativo”. “Espuma de poeira de flores” ou suas variantes realmente me parece “forçar a barra”.

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