Subjuntivo e condicional em Quenya

Algumas informações interessantes sobre o subjuntivo e o condicional que apareceram na Elfling desde a última postagem aqui. Antes de tudo, vale notar que em português brasileiro o tempo condicional é o futuro do pretérito, sendo o modo subjuntivo algo diferente. Já em inglês o modo subjuntivo é também chamado de modo condicional. O uso um tanto intercambiável dos termos nas mensagens abaixo é melhor compreendido com essa informação em mãos.

Após uma conversa com o meu caro Gabriel Brum, achamos melhor resumir da seguinte forma: A terminologia verbal abaixo se refere ao inglês, não aos tempos e modos que possuem o mesmo nome em português.

Vamos às mensagens:

B.P. Jonsson apontou, como eu já havia dito, que nauva serve tanto para “será” quanto para “seria”, de acordo com VT42:34. Em sua opinião, uma pessoa que queira expressar a palavra inglesa would deveria utilizar a desinência -uva.

Portanto o futuro no Quenya pode ser tentativamente usado em um sentido geral irrealis. Isto obviamente cria uma situação complexa, que é a questão se -uva pode ser adicionado à raiz do pretérito para formar um futuro-no-passado. Mesmo que não se queira ser tão temerário, o futuro parece a melhor forma neste momento de expressar “would”.

Petri Tikka lembrou das duas ocasiões onde o subjuntivo é atestado em Quenya. A primeira é em erenekkoitanie “que ele possa despertá-los” em VT14:5, no poema “The Elves of Koivienéni”, referindo-se a Oromë que viria para despertar os elfos no local que conhecemos como Cuiviénen n’O Silmarillion. Eren– seria “ele-eles” (é, é confuso assim mesmo), e ekkoitanie “tendo acordado”, de acordo com a análise de Christopher Gilson e Patrick Wynne.

A outra ocasião é em ullier “deveriam verter”, no fragmento de Lowdham de SD:246-7. O texto conta a história da Queda de Númenor, e esta palavra se refere a Númenor sendo engolida pelo mar: eari ullier ikilyanna “os mares deveriam verter ao abismo”.

Tikka diz que, apesar da raridade dessa forma, ele utiliza -nie para “expressar o modo condicional”. Segundo ele, o uso dessa desinência (que aparece mascarada em ullier porque neste caso ln > ll) nos exemplos criados por Tolkien é consistente com o uso do modo condicional no finlandês.

Opinião minha: Talvez isso explique por que o Professor decidiu mudar vánier para avánier do Namárië publicado em 1954 até o da Segunda Edição. Isso evitaria alguma confusão com o condicional.

Já o elemento (Qenya ki), diz ele, serviria como uma tradução para o ing. might, mas Petri fala que lhe parece que “essa formação expressa mais incerteza do que o mero condicional. Não é traduzido com would ou mesmo should, mas sim com may ou might.”

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