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Namárië prosaico e a ordem das palavras em Quenya

Eu publiquei há umas semanas atrás sobre a ordem das palavras em Quenya. Eu só queria adicionar que no livro The Road Goes Ever On há uma versão prosaica de Namárië que talvez ajude:

Yéni únótime ve aldaron rámar “anos incontáveis como das-árvores asas”. Ter o genitivo antes da palavra com a qual ele se relaciona é realmente uma coisa que eu nunca observei em minhas traduções.

Yéni avánier ve linte yuldar lisse-miruvóreva mí oromardi “Anos se-passaram como rápidos goles do-doce-hidromel nos altos-salões”. Se você retirar a comparação aos “rápidos goles do meio”, você tem uma ordem sujeito-verbo-objeto (SVO): yéni avánier mí oromardi “os anos se passaram nos altos-salões”.

Sí man i yulma nin enquantuva? “Agora quem o copo para-mim repreencherá?” A ordem aqui é advérbio-sujeito-artigo-objeto direto-objeto indireto-verbo, a não ser que eu esteja muito ruim de compreensão. Significa que o Quenya prosaico aceita também a ordem de palavra alemã?

An sí Varda, Tintalle, Elentári ortane máryat Oiolosseo ve fanyar. Sem entrar na tradução (quem está estudando já deve ter entrado em contato com o verbo ortanë no Curso de Quenya), agora temos um SVO.

Ar lumbule unduláve ilye tier: Novamente SVO.

Ar sindanóriello mornie caita i falmalinnar imbe met: SVO novamente, pois “a escuridão cai sobre as ondas”.

Ar hísie untúpa Calaciryo míri oiale: SVO mais uma vez.

Sí vanwa ná, Rómello vanwa, Valimar: Mais um SVO.

É, eu acho que vocês podem utilizar a ordem SVO com bastante segurança para as suas traduções. Ela é encontrada em abundância em uma publicação pós-segunda edição do SdA, sancionada por Tolkien em vida. Quando algo era publicado por Tolkien, ele não voltava atrás, até nas suas “crises revisionistas”.

Ordem das palavras em Quenya

Uma informação que estava perdida na minha lista de coisas a postar: como ordenar as palavras de uma frase comum em Quenya?

Helge Fauskanger há um mês atrás citou Tolkien em PE17:72:

[A] ordem normal em Quenya foi verbo primeiro, sujeito, objeto direto, objeto indireto […] mas a ordem clássica e normal [tardia] era expressada em sujeito, verbo, objeto.

Traduzindo:

  • Antes era: Verbo, sujeito, objeto direto, objeto indireto (e.g. Túve nauco malta araneryan. “Encontrou o/um anão ouro para seu rei”)
  • Depois virou: Sujeito, verbo, objeto (e.g. Nauco túve malta araneryan.)

Lembrando sempre que, sendo o PE17:72 anotações da década de 1950, não temos certeza se esse conceito continuou firme até 1973. Só uma análise dos textos criados por Tolkien no Quenya tardio poderia elucidar isto (e só para deixar as coisas mais “simples”, a maior parte desses textos é poesia).