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Modificações na Lição 2 do Curso de Quenya

Atualizei o resumo da lição 2 do Curso de Quenya. Este post se destina àqueles que já estudaram o curso antes.

Há mudança sobre o plural de substantivos que terminam em -lë. Anteriormente, previa-se que esses substantivos teriam plural em -li, mas hoje sabe-se que o plural é -ler. Exemplos:

  • tyellë > tyeller (Apêndice E; não é **tyelli)
  • fintalë > fintaler (PE17:119; não é **fintali)

A outra mudança é que em VT49:8 Tolkien disse que o artigo definido não deve ser utilizado quando falamos de uma raça inteira ou grupo inteiro. Por exemplo:

  • I Eldar na vanyë “[aquele grupo de] elfos são belos”
  • Eldar na vanyë “[todos os membros da raça dos] elfos são belos”

 

Vinyar Tengwar 49: Substantivo “vida”

No jornal Vinyar Tengwar 42, em uma discussão sobre os nomes dos rios e faróis de Gondor, Tolkien nos dá uma expressão idiomática em Quenya: kuivie-lankasse (no Q. do SdA seria cuivië-lancassë), lit. “na beirada da vida” (p. 8).

O substantivo cuivië, desde então, vem sendo utilizado para “vida” nas composições em Neo-Quenya desde então. Mas essa palavra também é utilizada para o subst. “despertar” (no sentido de “acordar do sono”), como visto em Cuiviénen “Águas do Despertar”.

Em uma das frases volitivas trazidas pelo VT49, contudo, Tolkien utiliza koivierya, lit. “vida dele/dela” (p. 41), de onde podemos facilmente deduzir coivië “vida”. A escolha de Helge Fauskanger, da Ardalambion, é incluir a partir de agora em suas listas de palavras coivië para “vida” e cuivië apenas para “despertar”. É possível que tal palavra esteja também numa próxima revisão do Curso de Quenya (até por ser um novo exemplo da desinência pronominal -rya).

Resumo do Curso de Quenya: Lição 13

O Caso Dativo

Indica o objeto indireto de uma frase. O objeto indireto é um “objeto indiretamente afetado pela ação verbal da frase” (p. 215). No português as seguintes preposições são utilizadas para simular a função do dativo:

  • para o / para a;
  • ao / à.

Em “o homem deu ao menino o livro” e “o homem deu o livro ao menino”, o objeto indireto fica claro como sendo o menino (o “ao” precedendo a palavra “menino” é um bom indicativo).

O dativo no Quenya é formado a partir das seguintes desinências:

  • -n no singular (Elda » Eldan)
  • -in no plural (Eldar » Eldain)
  • -nt no dual (Eldat » Eldant)

Como no possessivo-adjetivo, quando a desinência plural alongar a vogal final e houver uma vogal longa a prescedendo (ex: tári), não alonga-se o -i- (ex.: tarin).

Nos exercícios do curso, o plural dual não é abordado, portanto vou dar minha opinião: o que Tolkien escreve tem precedência sobre outras teorias, portanto o plural dual em -u também deve ter o dativo dual em -nt: Aldu » Aldunt.

Na p. 218 o uso do dativo é explicado em posições não tão óbvias: em frases sem um objeto direto, em frases com sujeito oculto ou expressões que não têm verbo. É muito importante para a compreensão desse caso.

Para unir um dativo a um substantivo que termine em consoante, utiliza-se -e-: atar » ataren.

O Gerúndio

Antes de tudo, entenda bem a função do gerúndio no Quenya! E o que isso significa? Que até onde sabemos, ele emula o gerúndio do inglês completamente. É importante ler toda essa parte da lição para realmente compreender todas as funções, mas em miúdos, o gerúndio pode assumir duas funções:

  1. infinitivo;
  2. substantivo.

Infinitivo: O Quenya possui um infinitivo, mas no inglês o gerúndio também pode assumir essa função quando a ação do verbo é mais “próativa”. Ex.: “eu adoro observar os pássaros” pode ser em inglês tanto “I love to observe the birds” (no inf.) quanto “I love observing the birds” (no ger.). No Quenya, a frase pode ser melin tirë i aiwi, mas também pode ser melin tirië i aiwi.

Substantivo: O gerúndio também pode ser utilizado como um substantivo verbal, sobre os quais falamos na última lição. No Juramento de Cirion, Tolkien deixa explícito que a palavra enyalië é o gerúndio do verbo enyal- “lembrar (ing. “recall”)”, mas possui sentido de substantivo, “lembrança”. De fato, essa palavra recebe uma desinência casual dativa, que nenhum verbo pode receber, exceto o gerúndio utilizado nesta função.

Quanto à formação do gerúndio, os verbos são conjugados da seguinte forma:

  • Verbos Primários adicionam a desinência -ië: hir- » hirië
  • Radicais A suplantam o -a final com -ië: naina- » nainië
  • Radicais A em -ya substituem o mesmo por inteiro: harya- » harië

O Pronome “Nós”

No Quenya, existem três desinências pronominais distintas para o que no português é expressado pela palavra “nós”:

  • -lvë: Quando o “nós” inclui o(s) indivíduo(s) ao(s) qual(is) se dirige(m) o(s) autor(es) da frase. Ex: Frodo diz a Sam e Pippin “Nós (todos) escapamos dos Cavaleiros Negros.” Nota: O Vinyar Tengwar 49 lista -lwë como uma variante válida.
  • -lmë: Quando o “nós” exclui o(s) indivíduo(s) ao(s) qual(is) se dirige(m) os autores da frase. Ex.: Os soldados de Gondor falam a Frodo e Sam “Nós (os soldados) louvaremos vocês (os objetos da frase).”
  • -mmë: Enquanto as desinências acima requerem no mínimo três indivíduos (dois de um lado e um do outro em -lvë, dois de um lado e um excluído em -lmë), esta desinência requer apenas duas, ou seja, é a desinência dual. Contudo, por não se saber se é dual inclusiva, exclusiva ou ambas, o Helge não a utiliza nos exercícios. Nota: O VT49 não lista essa desinência.

Um Pronome Indefinido

A palavra quen significa “alguém” e pode receber desinências casuais. O Vinyar Tengwar 49 traz nas páginas 19, 20 e 26 a palavra mo para “alguém”.

Resumo do Curso de Quenya: Lição 2

Substantivos

Em Quenya os substantivos podem formar plurais de duas maneiras diferentes:

  • Palavras terminadas em -a, -o, -i, -u, no hiato -ie ou em -le – adiciona-se -r ao final. Ex: Valië “Vala mulher” > pl. Valiër “Valar mulheres”.
  • Palavras terminadas em -e (que não seja -ie ou -le) ou consoantes – substitui-se o -e por -i, ou adiciona-se o -i após a consoante final. Ex: lassë “folha” > pl. lassi “folhas”.

Ignore o plural partitivo -li até o fim do curso. Você pode ler mais sobre o plural partitivo neste artigo.

O Artigo

No Quenya existe apenas o artigo definido: i. Ele serve tanto para o singular quanto para o plural, tanto para o masculino quanto para o feminino, como o inglês “the”.

Caso o substantivo seja considerado um nome próprio, como em Anar “Sol”, não é necessário o uso do artigo. Caso você queira falar de uma raça inteira, o artigo não deve ser utilizado. Exemplo: i Eldar se refere a apenas um grupo de elfos, enquanto Eldar (sem o artigo) se refere à raça élfica como um todo.