Os Anéis de Poder e o fandom tóxico de Tolkien

Em novembro de 2017, eu escrevi um post chamado A Amazon e os Críticos, no qual eu disse:

Fãs, se a série for ruim, ela não vai reescrever os livros, nem apagar as cópias existentes dos filmes. A única coisa que pode ser ferida com uma série ruim é o seu ego que, de uma forma doentia, acha que gostar d’O Senhor dos Anéis é o que lhe faz especial.

Mas fica bem pior do que eu esperava. Ontem, os proprietários de páginas e perfis de mídia social dedicadas a Tolkien tiveram de fazer uma nota de repúdio coletiva contra parte do fandom, que decidiu acusar a Amazon de descaracterização da obra por optar por atores negros para atuarem como um dos elfos e uma rainha anã.

É isso mesmo, pessoal. Em pleno 2022, tem gente publicamente gritando “Socorro! Botaram um preto na minha obra de ficção favorita!”

Só pra título de comparação, o aclamado musical Hamilton colocou um ator negro como George Washington. O ator que fez Thomas Jefferson tinha um afro gigante. Isso não descaracterizou de forma alguma os personagens! As três irmãs Schuyler tinham etnias diferentes também, e só um racista diria que o musical é intragável por conta disso.

Hamilton é baseado em fatos reais e na vida de pessoas de verdade, enquanto nada do que Tolkien escreveu realmente aconteceu e nenhum personagem existiu de verdade!

Algumas vezes, minha esposa e meus amigos perguntam por que eu não volto a atualizar esta página ou participar do fandom. Eu estou envolvido com o fandom há, agora, literais 20 anos e eu sei que ele é um refúgio de elitistas. E onde tem elitista, sempre tem racista.

Vou fazer um resumo bem rápido:

  • Se você está reproduzindo essas ideias sobre a escolha dos atores negros ser errada, você está reproduzindo ideias racistas.
  • Se você realmente não consegue ver um negro no lugar que um branco estava antes, você é racista.
  • Se você não consegue ver um personagem de fantasia negro no lugar que um personagem de fantasia branco antes estava/estaria, eu nem sei que palavra usar pra você. Devia ter algum tipo jurídico para te descrever, como “racista qualificado”.

Além disso, basear qualquer argumento na etnia dos personagens de uma obra publicada por um inglês em 1955 se chama “anacronismo”. A HarperCollins nunca iria aceitar publicar em 2022 uma obra onde o povo abençoado por Deus tinha pele branca e o povo esquecido pelos anjos tinha pele negra ou parda, não importa o quanto ele justificasse o Legendário como um passado longínquo da nossa Terra.

Um fã de Tolkien que defende e propaga ideias racistas é também um fã que cospe no prato que come: Tolkien odiava o racismo, fervorosamente, de qualquer origem que viesse. Ele fez questão de dizer para os editores alemães de O Hobbit em 1938 que lamentava não ter antepassados judeus (Carta 30); também disse em seu discurso de aposentadoria da Universidade de Oxford, em 1959 (reproduzido em The Monsters and the Critics):

Eu tenho ódio do apartheid nos meus ossos; e, mais do que tudo, eu detesto a segregação ou separação de língua e literatura. Eu não me importo qual delas você pensa que é “branca”.

A única parte parcialmente hilária desse desastre é que criaram uma palavra pra descrever esse povinho que está ameaçando boicotar Os Anéis de Poder se a série tiver cenas de sexo, mas passa o resto do dia fantasiando fazer um threesome com a Liv Tyler e a Miranda Otto: Incelmarillion.

Deixo um agradecimento final à Amazon pela dedicação e carinho em trazer o mundo de Tolkien à tona com a menor quantidade de CGI, pelo excelente elenco e pela coragem de fazer o que é certo.

Escrevendo Tengwar com canetas-tinteiro e penas de caligrafia

Papel

Independente da ferramenta de escrita, você deve utilizar papel que não absorva a tinta. A tinta deve secar sobre o papel.

O papel também precisa ser grosso suficiente para suportar toda essa tinta. Hoje, eu utilizo o papel Bristol da Canson, que possui gramatura 180 g/m².

Tintas

As tintas usadas para penas são muito diferentes das usadas para canetas-tinteiro.

Tintas de caneta-tinteiro são bem diluídas. Isso faz com que a tinta flua com mais velocidade para o papel e evita que a caneta fique entupida. Usá-la em uma pena de caligrafia não é ideal, pois a tinta escorre da pena, causando uma escrita falhada.

Tintas de pena de caligrafia (como a nanquim) são mais viscosas. Isso faz com que elas não escorram da caneta tão rápido, permitindo que você escreva mais sem ter de mergulhar a pena na tinta novamente. Além disso, quando se flexiona a pena para criar uma variação na largura da linha, essas tintas costumam manter-se grudadas nas duas pontas da pena, ao contrário da tinta de caneta-tinteiro.

Por ser viscosa, nunca use uma tinta de pena de caligrafia em uma caneta-tinteiro! Isso vai entupir a caneta, com chances de estragá-la para sempre.

O que as duas têm em comum?

As penas.

O objeto metálico que está no fim tanto da pena de caligrafia quanto da caneta-tinteiro se chama “pena”.

A pena é a parte de ambas as ferramentas que dá forma à letra. A beleza desse tipo de escrita geralmente está na capacidade de criar variações nas linhas dentro de uma mesma letra. Você pode perceber que tentar escrever Tengwar com uma caneta esferográfica não causa resultados esteticamente bonitos, porque a linha é sempre da mesma largura.

Variação de linha

A variação de linha pode ser obtida de duas formas: usando uma pena itálica ou uma pena flexível.

Comparação de canetas tinteiro com penas itálicas e redondas.
Comparação entre penas de canetas Pilot: à esquerda, uma pena itálica, capaz de variar a linha,; à direita, uma pena tradicional, com uma ponta arredondada e incapaz de realizar variação de linha.
Fonte: JetPens

A pena itálica é uma pena cuja parte que entra em contato com o papel possui um ângulo reto. Na minha experiência com canetas-tinteiro, as melhores penas para escrever em Tengwar são aquelas cuja área de contato possui 1,5mm de comprimento, que é um tipo bem comum de itálico.1

A pena flexível permite que as duas pontas da pena se separem, até certo ponto, sem que entortem para sempre. No ato de se separar, a tinta cria uma ponte entre ambas as pontas, criando então a variação de linha. Geralmente, as penas flexíveis possuem pontas finas, para deixar mais evidente a variação da linha.

Imagem de pena flexível de caneta tinteiro
Pena flexível, feita em ouro 14k, de uma caneta-tinteiro Waterman Ideal #2 dos anos 1920. Fonte: VintagePen.net

É muito importante que você entenda que nem toda pena é flexível só porque é fina! O que torna uma pena flexível é a remoção do material metálico nas laterais da caneta, por volta do local onde o corte das pontas termina.

Também entenda que não é o metal que a pena é feita que torna ela flexível: a maior parte das canetas-tinteiro com pena de ouro no mercado não são flexíveis, apenas permitem uma escrita mais suave.

É também muito mais fácil encontrar uma pena flexível para uma pena de caligrafia do que em uma caneta-tinteiro, por dois motivos: a tinta é mais viscosa e a pena de caligrafia não depende de manter contato com um mecanismo de alimentação.

Qual é a diferença entre as duas?

Uma pena de caligrafia consegue segurar apenas a tinta que estiver grudada nela. Contudo, por ser muito mais simples, uma pena pode ser utilizada em diversos ângulos que auxiliam na criação caligráfica. Também é possível utilizar tintas muito mais permanentes com a pena de caligrafia — essas tintas iriam arruinar a vida útil de uma caneta-tinteiro.

Uma caneta-tinteiro possui um mecanismo alimentador que regula o fluxo de tinta que chega até a sua própria pena. Dependendo da caneta, ela pode carregar o seu próprio reservatório de tinta interno, através de cartuchos, conversores, mecanismos de pistão, entre outros meios. Por isso, até a criação da esferográfica, a caneta-tinteiro era muito mais prática do que a pena de caligrafia.

Qual é a melhor ferramenta para Tengwar?

Caso você esteja querendo um resultado esteticamente agradável, a pena de caligrafia é provavelmente a melhor opção.

Caso você esteja querendo escrever quantidades extensas de texto, como um diário em Tengwar, a caneta-tinteiro é provavelmente a melhor opção.

Exemplos de escrita com penas de caligrafia

Caso você queira escrever com ângulos retos, você pode utilizar um cabo reto. No exemplo abaixo, o escriba coreano Jae Shin escreve com uma pena de cabo reto e pena itálica:

Caso você planeje escrever com inclinação, você deve usar um cabo oblíquo. Novamente, o seguinte vídeo do Jae Shin demonstra o uso do cabo oblíquo e pena flexível:


  1. Em inglês, o termo utilizado para esse tipo de pena em penas de caligrafia é italic. Contudo, no mundo das canetas-tinteiro, o que chamamos de “itálico” é na chamado de stub, enquanto italic é uma variação de stub

A Amazon e os Críticos

Faz duas semanas do anúncio de que a Amazon comprou os direitos d’O Senhor dos Anéis e está planejando uma adaptação para série do livro, a ser lançada em 2020. Gostaria de compartilhar minha opinião sobre o assunto. Essa opinião vem em duas partes.

Sobre a série

Se a série manter o roteiro próximo ao do livro, tudo vai estar bem. Não é difícil adaptar um livro para uma série, especialmente se você já conhece o final e o autor se preocupou em fazer uma linha de tempo nos apêndices.

Haveria uma só possibilidade de falha: se a Amazon decidir produzir um spin-off d’O Senhor dos Anéis. Todo jogo da Electronic Arts e da Warner Bros. Interactive Entertainment que tentou criar uma história original que tivesse a mesma sensação de O Senhor dos Anéis, falhou. Eles encontraram o mesmo problema que o próprio Tolkien teve, ao escrever A Nova Sombra.

Tolkien desistiu dessa história porque ela deixava o gênero épico. “Eu poderia ter escrito um ‘thriller’ sobre esta trama e sua descoberta e derrubada — mas teria sido apenas isso. Não vale a pena escrever.” Eu discordo de Tolkien: gosto de thrillers escritos em universos épicos, como de Forgotten Realms. Mas nenhum livro sobre o Elminster será capaz de me dar a mesma sensação de ler O Senhor dos Anéis.

Mas, ao mesmo tempo, nenhum jogo da EA e da WB foi capaz de chegar ao nível de narrativa dos livros de Forgotten Realms. A qualidade da narrativa é muito mais importante do que o gênero da história. E neste quesito a Amazon tem plena vantagem, com ótimos roteiristas que criaram excelentes séries.

Portanto, não me preocupo com O Senhor dos Anéis e seu mundo. Ele está em boas mãos.

Sobre os fãs

Eu li O Senhor dos Anéis por causa dos filmes. Pedi o livro de aniversário de 18 anos, logo após sair da sessão d’A Sociedade do Anel. Quando comecei a frequentar os fóruns, percebi que um pessoal da velha guarda não gostava de fãs que vieram por causa dos filmes. “O filme é inferior”, diziam eles. Por extensão, todo fã que entrava no fórum por causa dos filmes era inferior, até que provasse o contrário — a eles.

Esse povo elitista já foi uma pedra no sapato de quase qualquer pessoa que tenha participado de algum grupo. Sempre tem alguém que deixou o cérebro guardado no armário antes de entrar na internet para lhe dizer qual é o “jeito certo” de gostar do assunto que você se interessa. 13 anos depois, eu estou vendo o mesmo tipo de comportamento das pessoas que assistiram os filmes, com medo do que a Amazon vai fazer.

Todo fandom tem esse problema. É como torcida de futebol: um grupo de pessoas que se acha especial porque apoia algo. Quando alguém decide mexer com esse algo que você pensa que lhe faz especial, você se revolta. É uma dupla agressão. Dá pra imaginar o cérebro desse ser humano pensando:

Se a série da Amazon ficar ruim na minha opinião, eles estragarão algo que eu amo e eu terei vergonha disso. Mas se eles tornarem isso popular, eu não vou ser mais especial por gostar disso.

Não fico surpreso com esse tipo de arrogância, afinal de contas, o próprio Tolkien era uma pessoa arrogante. Ele odiava a Disney, porque ele amava a mitologia nórdica, e os anões de A Branca de Neve eram, em sua opinião, uma afronta àquilo que ele achava que o fazia especial: gostar de mitologia. Não ajudava também que Walt Disney “cometeu o sacrilégio” de inventar uma forma de fazer dinheiro com contos de fadas, outra coisa que Tolkien tomou para si como parte de sua identidade: o professor de Oxford que defende contos de fadas.

Sim, nosso herói literário também fez muito papel de trouxa. Mas isso não me deixa menos decepcionado com os fãs. O fandom tolkieniano, em sua maior parte, leu um livro sobre um burguês minúsculo que, já no primeiro capítulo, é humilhado ao perceber que não é nada especial: de fato, é tratado com suspeita, pois está sendo avaliado em sua qualidade de ladrão. Mais tarde, ele descobre que o que lhe faz especial é sua capacidade de enxergar a coisa certa a se fazer com humildade, no momento em que seu amigo está cego de orgulho ferido.

O fandom leu isso e, hoje, age exatamente como o amigo cego de orgulho ferido!

Fãs, se a série for ruim, ela não vai reescrever os livros, nem apagar as cópias existentes dos filmes. A única coisa que pode ser ferida com uma série ruim é o seu ego que, de uma forma doentia, acha que gostar d’O Senhor dos Anéis é o que lhe faz especial.

Ouça o cara que tem um site de élfico, alguém que poderia achar que é um figurão por causa do seu “status” no fandom:

Gostar d’O Senhor dos Anéis não lhe faz especial.

É a maneira que você age com as outras pessoas que lhe faz especial: como você dispensa julgamento apenas sobre aquilo que já foi realizado; o quão genuinamente você dá os parabéns ao outro pelo sucesso; e o quão gentil você é com alguém que fracassou.

Portanto, dispense julgamento à Amazon apenas quando ela entregar a série. Parabenize-a se ela fizer um bom trabalho, mas seja gentil se você achar que não ficou bom. Porque por trás da série, tem um monte de seres humanos, que nem você, que estão só tentando fazer o melhor possível, todo dia.

Nomes élficos sendo renovados e uma resenha sobre minha vida

A maior motivação que eu tenho na minha vida é descobrir formas de fazer mais do que eu gosto e menos do que o que eu não gosto. Faz mais de 5 anos que aprendi a linguagem Markdown, expressões regulares e que descobri o editor Sublime Text, e esses três elementos combinados alteraram para sempre minha forma de trabalhar com textos.

Agora, o impacto desses três elementos encontrou seu caminho para a página mais necessitada do Tolkien e o Élfico: os nomes élficos. Gostaria de mostrar a vocês o código que eu precisava criar para cada nome, quando comecei o projeto:

<span class="name"><a name="adriana" id="adriana"><strong>ADRIANA</strong></a> — <abbr title="Quenya">Q.</abbr> <strong>Moreärwen</strong>, <abbr title="Sindarin">S.</abbr> <strong>Moraearwen</strong><br /><a name="adriano" id="adriano"><strong>ADRIANO</strong></a> — <abbr title="Quenya">Q.</abbr> <strong>Moreäro</strong>, <abbr title="Sindarin">S.</abbr> <strong>Moraearo</strong></span><br /> Do <abbr title="latim">lat.</abbr> <em>Adrianus</em> “do Adriático”. Por sua vez, o Adriático é o mar ao leste da Itália, que recebeu seu nome da antiga cidade de Adria, cujo nome deriva de <em>atra</em>, o neutro de <em>atrum</em> “preto”. Considera-se portanto que o nome Adriático é traduzido como “mar negro” e Adriano como “do mar negro”.<br /> No nome feminino, utilizei o elemento <strong>-wen</strong> “donzela”, que não existe no nome original. Sugiro o <abbr title="Quenya">Q.</abbr> <strong>Moreärë</strong> e o <abbr title="Sindarin">S.</abbr> <strong>Moraeariel</strong> caso não deseje <strong>-wen</strong>.<br /> <em>Fonte: <a href="http://www.etymonline.com/index.php?term=Adriatic">EtymOnline</a></em>

Trabalhar com esse código não era fácil. Até hoje, não tive mais do que 93 nomes nesta página porque era desencorajador gerenciar esse código, criando todas as abreviações necessárias (<abbr>) no miolo do texto. Com o uso de uma ferramenta de conversão de HTML para Markdown, uma limpeza de código no Sublime Text utilizando expressões regulares e o suporte nativo a Markdown do WordPress, este é o verbete atual desses nomes:

<a id="adriano" name="adriano"></a>**ADRIANA** e **ADRIANO**
**Feminino** — Q. **Morlondë**, S. **Morlondel**
**Masculino** — Q. **Morlondo**, S. **Morlond**
Do lat. _Adrianus_ “de Adria”. Adria pode ter duas origens: uma etrusca, que significa "a cidade negra"; e outra ilíria, que significa "água, mar". Sendo a cidade etrusca, optei pela tradução "da cidade negra" para ambos.
_Fonte: [BTN](http://www.behindthename.com/name/hadrian) e [EtymOnline](http://www.etymonline.com/index.php?term=Adriatic)_

As abreviações estão em um índice, no final do código, e são aplicadas automaticamente sempre que o WordPress encontra a palavra no texto, eliminando centenas de caracteres do antigo código:

*[a.-al.ant.]: alto-alemão antigo
*[a.-s.]: anglo-saxão
*[adj.]: adjetivo
*[f.]: feminino
*[fr.ant]: francês antigo
*[gr.]: grego
*[heb.]: hebraico
*[lat.]: latim
*[norm.ant.]: normando antigo
*[nórd.ant.]: nórdico antigo
*[proto-germ.]: proto-germânico
*[Q.]: Quenya
*[Quend.prim.]: Quendiano primitivo
*[S.]: Sindarin

Um bom observador pode ter notado no exemplo acima que estou reescrevendo aos poucos as definições dos nomes élficos. O projeto original dos nomes tem quase 11 anos e sofre de um problema profundo: minha abordagem foi totalmente errada desde o princípio. Prezando por ser correto no significado do nome traduzido, criei diversos nomes que são esteticamente desagradáveis ou cacofônicos demais para serem chamados de “élficos”. Prefiro ter menos nomes traduzidos do que submeter alguém a usar um nome criado por uma necessidade de agradar o maior número de pessoas possíveis.

Eu vou alterá-los sempre que eu estiver com o humor favorável, mas eu não prometo nem que irei concluir o projeto. A realidade é que eu tenho um emprego que exige muito do meu cérebro e eu prefiro passar meu tempo livre com a minha esposa, passeando sempre que posso. Se não posso sair, assisto vídeos, escuto podcasts e jogo, como qualquer ser humano normal em 2017. Se encontro motivação, estudo algo — fiz um curso de Python recentemente, tenho um curso de Ruby on Rails parado e estudo meu ganha-pão, o Excel, sempre que a necessidade surge. Élfico é algo que precisa encontrar um espaço em um leilão de vontade e capacidade cognitiva, e raramente é dele o lance arrematante.

Conferência de línguas tolkienianas em agosto de 2017

A Omentielva Otsea — a sétima conferência internacional das línguas tolkienianas — acontecerá nos dias 10–13 de agosto de 2017, na California State University, East Bay, Campus Hayward.

Para participar, você deve fazer depósito de U$ 320, que incluem hospedagem, todas as refeições do jantar de quinta-feira ao almoço de domingo e o volume compilado de todas as palestras apresentadas durante o evento. Por U$ 30, você pode se registrar como um participante não presente, que apoiará o evento e receberá uma cópia do volume compilado.30

Caso queira participar como palestrante e ter seu estudo publicado no volume, envie o resumo da sua apresentação para Anders Stenström em beregond@omentielva.com.

Quem estiver interessado em saber mais, visite o website oficial da Omentielva, em www.omentielva.com. As inscrições terminam em 25 de maio.

Glǽmscribe

Para novatos: o site que eu vou citar abaixo não traduz seu nome pra élfico e não escreve português com letras élficas, ok? Não o utilize para fazer tatuagens também se você não souber nada de élfico, é arriscado e você pode se arrepender fortemente.

Uma boa notícia para quem gosta de transcrever seus textos de forma automatizada: os franceses Benjamin Babut e Bertrand Bellet do website Glǽmscrafu criaram o Glǽmscribe, um transcritor não só para Tengwar, mas também para Sarati e Cirth!

As línguas que podem ser transcritas nesse website são:

  • Adûnaico: em Tengwar;
  • Fala Negra: em Tengwar, tanto no modo geral quanto do estilo do Um Anel;
  • Gótico: no alfabeto gótico;
  • Khuzdûl: no modo Angerthas Moria;
  • Inglês Antigo: em Tengwar, no modo da Mércia ou de Wessex;
  • Nórdico Antigo: com runas no modo Futhark Codex Runicus;
  • Quenya: em Tengwar e Sarati;
  • Sindarin: em Tengwar no Modo de Beleriand ou Clássico, em Cirth no modo Angerthas Daeron;
  • Telerin: em Tengwar;
  • Valarin: em Sarati;
  • Westron: em Tengwar.

Cada modo tem um teclado de apoio (caso você precise digitar letras como þ ou æ sem precisar decorar os comandos necessários, além de algumas informações específicas a cada língua. No adûnaico, você pode “reverter a ordem dos dígitos de números”, escrever números em base 12 ao invés de base 10, inverter ordem dos tehtar de “o” e “u”.

As fontes já vem embutidas no website para que você possa ver o resultado esperado e até mesmo compartilhar a transcrição. Mas caso você queira copiar para utilizar no seu Photoshop, por exemplo, terá de instalar meu compêndio de fontes élficas ou buscar as outras fontes (como a fonte Analecta, para a língua gótica).

Parma Eldalamberon 22 anunciado

Anúncio do Parma Eldalamberon 22, na íntegra:

PARMA ELDALAMBERON 22

O Alfabeto Feanoriano, Parte 1

e

Estrutura Verbal do Quenya

Por J.R.R. Tolkien

Editado por Christopher Gilson e Arden R. Smith

http://www.eldalamberon.com/parma22.html

Nesta edição do Parma Eldalamberon, nós apresentamos várias peças sobre as línguas e escritas inventadas por Tolkien.

“O Alfabeto Feanoriano, Parte 1” é a versão mais antiga e mais longa da descrição do seu sistema de escrita, datado do final da década de 1930. Quatro modos são descritos para representar diferentes língaus inventadas — lindarin, qenya, parmaqestarin, noldorin antigo e beleriândrico — dos quais há uma edição revisada de texto dos anos 1940 para o segundo. Há tabelas para cada modo com as letras usadas e seus nomes. Exemplos são dados de várias linguagens, em tengwar com transcrições, para ilustrar diferentes pontos de uso e certas mudanças históricas que afetaram o sistema de escrita.

“Ortografia de Qenya” é a porção sobrevivente de uma Gramática de qenya contemporaneamente próxima da versão inicial d’O Alfabeto Feanoriano. Ele descreve a ortografia da língua escrita naquele texto e sua transcrição em alfabeto latino de acordo com o uso de Ælfwine. Baseado nisto, há seis versões de um texto chamado “Sobre a Ortografia de Ælfwine”, cuja mais tardia provavelmente data de cerca de 1950.

“Estrutura Verbal do Quendiano e Eldarin Comum”, provavelmente datando dos anos 1940, descreve o fundo etimológico à estrutura gramatical do verbo do quenya e suas conexões pré-históricas com os sistemas verbais de outras línguas élficas. Intimamente associado com esse texto está o “Sistema Verbal do Quenya”, parte de uma gramática do quenya contemporânea. Ele descreve a formação de várias raízes de tempos verbais e particípios de verbos do quenya e suas inflexões para número e voz, com algumas notas sobre sintaxe, e uma seção sobre “Verbos Irregulares”.

“Eldarin Comum: Estrutura Verbal” é uma revisão e elaboração do material de quendiano e eldarin comum, datados de aproximadamente 1950. É um texto que acompanha “Eldarin Comum: Estrutura de Substantivos”, publicado no Parma Eldalamberon 21, ambos sendo partes de uma gramática comparativa projetada das línguas eldarin.

“Notas Tardias Sobre a Estrutura Verbal” é um conjunto de textos, datados de 1969, lidando com conceitos revisados por Tolkien de inflexão verbal para tempo, substantivos e adjetivos verbais, expressões condicionais e o verbo negativo.

Nós esperamos que o Parma Eldalamberon 22 esteja disponível para envio em 1º de junho de 2015.

O custo é US$ 40,00 por cópia, incluindo postagem.

Para comprar agora, use este link do PayPal:

https://www.paypal.com/cgi-bin/webscr?cmd=_s-xclick&hosted_button_id=ETB6FBA62MZMG

Ou mande um cheque ou ordem de pagamento (moeda dos EUA apenas) para:

Christopher Gilson
1240 Dale Avenue, No. 40
Mountain View, CA 94040
United States of America

Como começar a usar as letras élficas

As letras élficas não são difíceis de aprender: em um dia já dá para começar a escrever tudo que você quiser.

Língua

Memorização

Comece escrevendo à mão. Sim, será horrível. Sim, você terá vergonha de mostrar para as pessoas. Não parecerá nada com o que Tolkien fez. Mas você não precisa de qualidade de traço, você precisa aprender as tengwar. Memorizá-las.

Se você for muito esforçado e tiver o equipamento correto1, já poderia criar coisas como esta:

Uma foto publicada por Jae Shin (@jmshinhira) em

Usando as fontes élficas

Assim que você pegar o jeito à mão, pode começar a usar as fontes élficas.

Como? Caso tenha instalado meu pacote de fontes élficas, vá na pasta C:\Program Files (x86)\Fontes Elficas\Tengwar Annatar e abra o arquivo tngandoc.pdf. Das páginas 6 a 10, há um excelente mapa de caracteres que você pode usar de referência. Ele te diz a tecla que você precisa pressionar para sair cada caractere. Quando eu comecei, mantinha impresso do meu lado até que me acostumei com o layout. Depois de um tempo, você sabe que j#w$ significa lambë “língua”2 e aDjt# é calma “luz”3.

instruções-mapa-caracteres-élfico

Deixe que a máquina faça o trabalho sujo

Se você quer uma frase escrita em Quenya, Sindarin ou Inglês, há uma opção ainda mais fácil do que escrever tudo à mão: o Online Tengwar Transcriber. Basta escrever a frase que você quer, escolher a língua e clicar “Transcribe”. O resultado que sai em “output” deve estar correto, se você fez tudo como eu disse.

Não existe nada similar pronto para português neste momento, motivo pelo qual eu me recuso a fazer transcrições para as pessoas. É simplesmente trabalho demais para alguém que já está em dois empregos.

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  1. Se você gostar de escrever a mão, compre um kit de caligrafia ou uma pena e tinta. Dei uma pesquisada e até a data que escrevi este texto, o valor de um kit grande estava em torno de 100 reais. Melhores ferramentas lhe dará melhores resultados, mas apenas se souber usar. Por isso, minha outra dica é fazer cursos de desenho caligráfico, já que “curso de caligrafia” costuma ser anunciado para ajudar pessoas que têm dificuldade de escrever. 
  2. j#w$ 
  3. aDjt# 

Projeto de Kickstarter para ferramenta de ensino de élfico

Gostaria de chamar a atenção para um projeto do Kickstarter: o Elvish Linguistics Learning Tool.

A premissa é criar, com U$ 4.000, um software capaz de ajudar o estudante a visualizar o signficado da palavra enquanto lê uma frase, com a sua pronúncia e sua raiz exibidas em tempo real. Essa ferramenta poderia ser utilizada para aprender outras línguas também, não só o Sindarin, que é o foco inicial.

Uma demonstração do funcionamento pode ser acessada aqui. Também há uma demonstração da interface do professor. A especialista do projeto é Fiona Jallins, da Universidade de Montana e, se tudo der certo, David Salo, consultor de línguas dos filmes das séries O Senhor dos Anéis e O Hobbit também participará.

Neste momento, 75 pessoas fizeram doações no valor de U$ 3.613, faltando 11 dias para o final das doações.