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Resumo do Curso de Quenya: Lição 16

O Caso Instrumental

Como o nome deixa evidente, este caso serve para indicar o “instrumento” ou meio pelo qual ou com o qual o sujeito realiza ou efetua uma ação. Em português a palavra “com” serve a este propósito, mas não em todas as situações. Veja:

  • O garoto cortou-se com uma faca ? utilizaria-se o instrumental no Quenya, pois a faca foi o instrumento usado para o garoto cortar-se;
  • O garoto foi com a garota à cidade ? não utilizaria-se o instrumental, pois aqui “com” significa “junto a, ao lado da”. (Nesta situação, utiliza-se as- antes do substantivo ou prefixado a ele.)

Existem outros usos para o instrumental, então é bom dar uma lida no curso com atenção.

Na Carta Plotz (VT6:14) encontramos as seguintes formas do instrumental para cirya “navio” e lasse “folha”:

  • s. ciryanen, pl. ciryainen, pl.part. ciryalínen, dual ciryanten
  • s. lassenen, pl. lassínen, pl. part. lasselínen, dual lassenten

O autor do Curso resumiu bem: adicione -en ao dativo, mas cuidado com substantivos terminados em L (o Helge sugere –lden).

Verbos com uma vogal não enfatizada + -ta

Gostaria de enfatizar que esta parte da lição foi criada pelo Helge a partir de uma forma verbal que aparece em um contexto desconhecido em um manuscrito sobre o qual nada conhecemos (exceto essa forma e o fato de ela estar na Bodleian).

A idéia básica é que o pretérito airitáne “santificou” (VT32:7) viria do verbo *airita- “santificar” (formado do adj. airë “sagrado” + -ta). No pretérito, pelo i de -ri- ser curto, o a de -ta- seria alongado.

Outro exemplo único é envinyata- “renovar” (en- “re-” + adj. vinya “novo” + –ta), cujo particípio passivo é envinyanta (com infixação nasal, ao invés do esperado **envinyataina). Considera-se, portanto, que *airita- possuiria o particípio passivo *airinta, e envinyatáne seria o pretérito de envinyata-.

Para sustentar o argumento, o autor recorre às Etimologias, onde há o verbo ninquitá- “embranquecer”. Não encontrei nenhuma forma semelhante (adj. + -ta) além dessa, mesmo no QL, mas talvez lopeta- “trotar”, pret. lopetane (PE12:56; a raiz LOPO trata só de eqüinos) demonstra que, até mesmo em 1915, a idéia já existia no Qenya com relação às vogais não enfatizadas + -ta.

O Imperativo

É a forma verbal para expressar comandos. Além das formas listadas no Curso, em PE17:94 há cinco novos exemplos de imperativo ao menos (listados por Thorsten Renk no seu índice):

  • á kare sí añkárie “tente com mais vontade”
  • á lire am(a)lírie “cante com mais vontade”
  • a kene añkénie “olhe com mais atenção”
  • a tire antírie “veja mais de perto”
  • a nore amnórie “corra mais rápido”

À única excessão de “corra mais rápido”, todos os novos exemplos levam a crer que a maneira pela qual o imperativo é formado é: á + verbo no aoristo/infinitivo.

A fórmula nai

Nai “seja que” expressa um desejo. As frases Nai hiruvalye Valimar/Nai elye hiruva “Seja que tu encontres Valimar/Seja que tu mesmo encontre-a” no Namárië, e Nai tiruvantes “seja que [os Valar] o guardem” no Juramento de Cirion são conhecidas a tempos.

Recentemente, no Vinyar Tengwar 49, foram apresentadas cinco frases volitivas (ou seja, de fórmula nai), onde ao menos uma, nai Eru tye manata “Deus te abençoe” (também atestado em PE17:75) não possui um verbo no futuro (manata seria o presente do verbo *manta-), o que nos demonstra que o verbo de frases volitivas pode estar em qualquer tempo.

Vinyar Tengwar 49: “então/portanto”, “chegar”, “matar”, e uma alternativa ao caso instrumental

Continuando a série de novidades trazidas pelo Vinyar Tengwar 49, na página 18 Patrick Wynne interpreta a palavra sin da frase Sin Quente Quendingoldo Elendilenna como o inglês thus, que em português poderia ser “então, portanto”.

Agora temos um verbo “chegar”: é †tenya-, sendo o pretérito tennë, na página 23 24. Segundo o Helge Fauskanger, da Ardalambion, este deve ser o primeiro exemplo de um pretérito de verbo primário em -n.

Na página 24 encontramos a frase nahtana ló Túrin “morto por Túrin”. Duas coisas interessantes:

  1. Nahta- é o verbo “matar”, no inglês to slay. O Helge se pergunta se Morinehtardarkness-slayer” em PM:384-85 é na verdade MorinAhtar;
  2. parece ser “uma partícula introduzindo o agente em uma construção passiva”, segundo Helge. Talvez possa substituir o caso instrumental, ele diz.