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Utilização do plural em ações físicas élficas

Na mensagem 1039 da Lambengolmor, Christopher Gilson responde a algumas perguntas feitas por Fredrik Ström sobre alguns pontos dúbios no Parma Eldalamberon 17.

Fredrik nota a entrada MAG (relacionada às mãos) na página 161, que diz:

Portanto mánta “suas mão” [ou seja, “a mão deles”] seria usado = (eles ergueram) suas mãos (uma mão cada), mántat = (eles ergueram) suas mãos (cada um as suas duas), e mánte não pode ocorrer.

Ela parece ser muito semelhante, diz ele, ao Eldarin Hands, Fingers & Numerals no VT49:6:

Em casos como “eles ergueram suas mãos”, a mão era na sintaxe Eldarin sempre singular, se cada um (que não precisa ser expressado) erguer uma mão, e sempre dual se cada um erguesse ambas as mãos; o plural era impossível.

Tendo isto em vista, Fredrik indaga se Tolkien não estaria com um texto na sua frente enquanto escrevia o outro. Gilson vê como uma possibilidade, mas que não seria para Tolkien necessário fazê-lo.

Fredrik responde na mensagem 1041 que, realmente, não seria necessário, mas que é interessante notar a frase i karir quettar ómainen “aqueles que formam palavras com vozes” (XI:391), onde ómainen “com vozes” está no plural. Traçando um paralelo entre o Quenya e o suéco, Fredrik mostra como as seguintes frases teriam os substantivos “mão” e “voz” no singular em sua língua-mãe:

alla eleverna räckte upp handen “todos os estudantes ergueram suas mãoS
de som formar ord med rösten “aqueles que formam palavras com vozES

Ele nota que o plural de rösten, que é rösterna, soaria muito estranho neste contexto, como se cada uma daquelas pessoas tivesse mais de uma voz. [Nota nerd: Como se fossem os ithorianos de Guerra nas Estrelas.] É de se questionar por que em um caso esta regra é aplicada e em outro não, pois Tolkien comentou de maneira bem severa sobre as intrusões do tradutor suéco, o Dr. Ohlmarks, o que leva a crer que ele tinha um bom domínio dessa língua.

Resumo do Curso de Quenya: Lição 3

Número Dual

Quando duas coisas (pessoas, animais, objetos, etc.) formam um par natural, usa-se o plural dual.

Exemplos de pares naturais:

  • As diversas partes do corpo de uma só pessoa: olhos, mãos, braços, pernas, pés, rins, pulmões, lábios, orelhas, narinas, átrios, ventrículos, etc.
  • Seres ou coisas que criam pares especiais: as Árvores de Valinor (ver S:31); os Frutos dessas Árvores (ver S:116); duas fortalezas irmãs (como Minas Anor e Minas Ithil, ver SdA:253); duas colinas “irmãs” (Amon Hen e Amon Lhaw, ver SdA:412); dois reinos com uma forte conexão entre si (Gondor e Anor).

As desinências:

  • -t é a desinência padrão do plural dual;
  • -u substitui a última vogal ou é adicionado após a última consoante se:
    • houver um t ou d (oclusivas alveolares) perto do fim da palavra, para evitar cacofonia;
    • o par for uma parte do corpo (acredita-se que isto seja global);
    • o substantivo terminar em uma consoante, como dito acima.

Uma última nota sobre a desinência -u: O -u substitui a última vogal a não ser que o desenvolvimento da palavra mostre que havia uma consoante entre o dual e a vogal que sobrou (único exemplo: , dual peu [< peñe, dual peñu]).

Variação de Radical

Algumas palavras do Quenya apresentam características que revelam suas formas mais primitivas. Este fenômeno é mais visível nestes casos:

  • Quando a palavra é monossilábica e possui uma vogal longa, ela encurta a vogal para receber desinências. Ex: nér (ner-) “homem”;
  • Quando a palavra terminava em uma consoante proibida pelo Quenya de estar em posição final e era nivelada para uma outra, próxima foneticamente e permitida na posição. Ex: filit (filic-) “pequeno pássaro” (T e C=K são oclusivas, mas C=K não pode estar em posição final);
  • Quando o desenvolvimento da língua fez algumas vogais finais desaparecerem e tudo que sobrou foi um encontro consonantal final (o que é proibido em Quenya). Ex: hen (hend-) “olho”;
  • Quando a palavra vem de uma versão completa que foi encurtada por motivos estéticos. Ex: Sindelda “elfo cinzento” foi reduzido para Sindel, mas seu plural é Sindeldi (Note que a vogal final desapareceu mesmo, caso contrário teríamos **Sindeldar! Ou seja, apenas as consoantes “voltam da tumba”…);
  • Em algumas palavras dissilábicas com vogais idênticas. Ex: feren (fern-) “faia”; seler (sell-) “irmã” (pois lr > ll);
  • Alguns -e e -o finais viram -i e -u respectivamente. Ex: lómë (lómi-) “noite”; rusco (ruscu-) “raposa”.

Todas as palavras com variação de radical utilizadas durante o curso são devidamente documentadas. Caso houverem dúvidas, ver vocabulário na p. 404.