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Tatuagens élficas: uma ressalva

Aproveito a oportunidade para expor minha opinião sobre as tatuagens élficas, sobre as quais recebo um pedido por semana ao menos. Seria bom neste momento expor minha política sobre elas.

A versão resumida

J.R.R. Tolkien
O dono do verificador ortográfico élfico. Infelizmente para todos nós, ele não deixou cópias.

A única pessoa que poderia verificar se uma tradução élfica está correta ou não — o criador das línguas, J.R.R. Tolkien — morreu em 2 de setembro de 1973 sem deixar uma lista de vocabulário ou gramática atualizados de qualquer uma de suas línguas.

O resultado é que a palavra que hoje pensamos que é “amor” amanhã pode muito bem significar “pastel”. Com isto em mente, se você quer mesmo tatuar, ótimo! Desde que você não me processe, fique a vontade!

A versão completa

O autor britânico J.R.R. Tolkien tinha um hobby. No tempo livre, ele criava línguas. Algumas delas ele gostou tanto que passou mais de 50 anos modificando drasticamente sua gramática até o ponto onde a língua em 1920 era totalmente distinta da língua em 1970.

Na década de 1940 e 1950 ele decidiu colocar as suas línguas na sua obra mais famosa, O Senhor dos Anéis — e é por causa dessa obra que você está aqui, neste site, lendo este artigo! O que Tolkien não nos avisou até que morresse em 1973 foi que, bem, ele não tinha a mínima intenção de que qualquer um de nós fosse capaz de compor nem um mísero nome nessas línguas.

Contudo, os fãs (leia: nerds) das suas obras são dedicados (leia: têm muito tempo livre). Por isso, desde 1954 eles vêm se esforçando para decodificar todo e qualquer exemplo deixado por Tolkien de suas línguas, em um esforço hercúleo de torna-las completas, algo que ele nunca teve a mínima intenção de fazer.

Esse tipo passatempo de nerd é geralmente tão inofensivo quanto o nerd que o pratica, exceto que desta vez (oh, a ironia!) virou moda em Hollywood. Uma vez que virou moda, muitas pessoas — talvez você mesmo, que está lendo este artigo — sentiram-se atraídas pela ideia de ter uma frase élfica “legítima” tatuada no seu corpo.

Talvez a única forma de conseguir uma frase élfica "correta".
Talvez a única forma de conseguir uma frase élfica "legítima".

Mas os nerds, em geral, esqueceram de avisar que a única pessoa que pode atestar a legitimidade de uma tradução élfica já estava descansando em paz há mais de 28 anos à época do lançamento de A Sociedade do Anel. Para piorar a situação, a cada dois ou três anos um grupo privilegiado de estudiosos das línguas élficas (leia: übernerds) publica um texto completo inédito de Tolkien que mais vezes do que não destroi todo o trabalho de reconstrução que nós fizemos.

Portanto, meus caros leitores que desejam uma tatuagem élfica, o aviso está dado. Eu até traduzo a frase, mas eu não aconselho e não me responsabilizo pelo uso das frases em tatuagens, scarification ou qualquer outra forma de marcar o corpo permanentemente.

Nova hospedagem

Como escrevi antes, busquei alternativas para a hospedagem anterior e encontrei abrigo com a BlueHost, onde tenho um site com alguns amigos dos Estados Unidos.

Não deve haver muita diferença na velocidade para vocês visitantes, mas se houver, fiquem a vontade para me avisar. Teoricamente terei meu e-mail funcionando novamente hoje ainda, mas no máximo amanhã.

Agradeço a compreensão de todos.

Nova versão das fontes élficas

Atualizei o Compêndio de Fontes Élficas para a versão 3, e você já pode baixá-la aqui. Desta vez tive certeza de que o registro do Windows é atualizado, o que deve fazer as fontes instalarem automaticamente sem qualquer problema.

A pasta que você escolhe na instalação é para onde a documentação das fontes vai, não as fontes em si. Se você precisa saber qual tecla corresponde a qual caractere, vá até aquela pasta e veja a documentação.

Alguma dúvida sobre as escritas élficas (escritas, não línguas!), dê uma olhada no artigo “O que você sempre quis saber sobre Tengwar“.

Pequenos ajustes na tipografia

Fiz alguns pequenos ajustes na tipografia do site, para deixá-lo mais legível e agradável.

Os links voltam a ser verdes, mas desta vez sem sublinhado. Segundo, os títulos têm um sombreado que é visível se você estiver usando o Mozilla Firefox 3.5b5 (não sei do 3.0.10), o Google Chrome ou o Safari, deixando a identificação desses elementos mais fácil.

Aos usuários do Internet Explorer, que ainda são mais da metade das minhas visitas, eu gostaria de recomendar o uso do Google Chrome no momento, porque ele é o mais seguro que eu conheço. Quando vou trabalhar em um escritório é ele que eu instalo.

Quem possuir a fonte Neue Helvetica Pro da Linotype e a Adobe Garamond Pro vai notar que eu configurei para que elas sejam as fontes primárias. Vai também notar que todos os navegadores no Windows, exceto o Safari 4, possuem uma renderização horrenda dessas fontes. Ná coivië! Ao menos elas são bonitas em um navegador!

Por fim, eu consertei um erro que havia me escapado na mudança de layout: a classe de CSS .tengwar estava desconfigurada. Quem for na página das fontes élficas com elas instaladas poderá ver normalmente as Tengwar agora.

Não há harmonia na Terra-média

Não é nenhuma novidade que as línguas élficas tendem a não possuir palavras um tanto comuns para nós, mas eu não esperava que “harmonia” fosse uma delas, como descobri ontem conversando com meu caro amigo Phreddie.

Contudo, não é de ficar muito espantado. Nas quatro vezes que a palavra aparece n’O Silmarillion, três são no contexto musical. A última é Ilúvatar falando como os humanos não utilizariam seus dons em harmonia com os dos elfos. Não há um único uso da palavra harmonia em O Senhor dos Anéis ou O Hobbit, enquanto o Contos Inacabados traz “harmonia” novamente no contexto musical na história de Tuor.

Sabendo que Tolkien é muito cuidadoso com as palavras, é bem provável que ele não quisesse que a palavra “harmonia” fosse separada de sua conotação musical. Nesse caso a etimologia grega com o significado original literal “meio de unir” segundo o Online Etymology Dictionary não ajuda. A palavra anglo-saxã, contudo, ajuda: án-swége, literalmente “um som”, é um ponto de partida muito melhor.

Palavras para “um” não faltam: min e minë são ambas palavras válidas, assim como o prefixo er-. Para “som”, a que eu utilizaria seria lin, que Tolkien dá como “um som musical” em Cartas:293. Com Korlaire em MR:107 sendo o único exemplo que eu conheço do encontro consonantal -rl-, eu chegaria relutantemente à palavra erlin (erlind-) como a minha tradução de án-swége para Quenya.

Não tenho muita certeza de como proceder em Sindarin. Er- pode ser utilizado nessa língua, mas S. lind (reconstruído do N. lhind, lhinn) seria o cognato do Q. lindë “ária, melodia”. Eu não sei se o S. lîn (N. lhîn) “piscina” poderia ou deveria possuir uma palavra homófona. Na melhor das hipóteses, teríamos provavelmente erlin em Sindarin também.

Um novo layout mais ou menos pronto

Como vocês podem ver, eu mudei o layout do site. Não está espetacular, claro — eu não sou exatamente o melhor webdesigner do mundo. Mas eu acho que alcancei meu objetivo: o conteúdo está mais legível, e essa realmente deve ser, em minha mente, a preocupação nº 1 em um site sobre línguas.

Também não está finalizado. Só de colocar no ar eu percebi alguns problemas. Mas eu creio que o leitor deste blog não ficará muito aborrecido enquanto eu conserto: os benefícios devem ser maiores do que os malefícios neste curto período de tempo.

Onde começar: Quenya ou Sindarin?

De vez em quando eu me deparo com alguém perguntando qual língua élfica essa pessoa deveria aprender primeiro. Tenho certeza em minha cabeça de que já respondi a essa pergunta antes, mas como não encontro onde escrevi sobre o assunto, aproveitarei para responder novamente.

Se você quer compor textos

Se o seu caso for esse, eu recomendaria começar com o Quenya. Os motivos seriam a disponibilidade de vocabulário pronto, uma maior facilidade na construção de palavras a partir de raízes do Quendiano Primitivo e a fonologia mais estável. A aparente desvantagem da gramática ser bem diferente da portuguesa pode se tornar uma vantagem ao partir para o estudo de outras línguas.

Se você quer simplesmente estudar, sem compor

Nesse caso, eu sugiro que você vá atrás do que você gosta. O Curso de Quenya deve lhe dar mais subsídios para compreender as idéias de Tolkien caso você não tenha muito domínio sobre o estudo de línguas — como eu, quando comecei — mas no fim do dia isso não importa tanto.

Uma rápida mensagem administrativa

O mês de janeiro passou quase desapercebido, então gostaria de atualizá-los no que estou fazendo sobre o site.

Uma das principais preocupações que eu tenho com o site é com o layout. Eu creio que já escrevi informação o suficiente para qualquer estudante das línguas élficas ler por um bom tempo, mas o layout não ajuda muito a leitura. Estou estudando o que posso sobre tipografia para consertar isso.

Além disto, eu estou pensando em como a navegação do site poderia ser aprimorada. Eu gostaria que vocês pudessem encontrar o que querem da forma mais rápida e simples possível.